quarta-feira, 22 de outubro de 2008

TITÃS DO PORTO DE LEIXÕES RESISTEM AO TEMPO



Os dois guindastes que ajudaram as construir os dois molhes serão objecto de uma empreitada de beneficiação em 2009/2010.
Considerados uma das “Sete Maravilhas” de Matosinhos, os titãs do Porto de Leixões já fazem parte da vida de matosinhenses e leceiros há mais de um século.Para conhecer melhor a importância dos dois velhos guindastes, é necessário recuar no tempo, mais concretamente a 1884. A 13 de Julho desse ano, iniciaram-se as obras de construção do Porto de Leixões. Os trabalhos foram dirigidos pelo engenheiro francês Wiriot, sob a fiscalização do governo português.O projecto, da autoria do Eng. Nogueira Soares, consistia na construção de dois extensos molhes (o do lado Norte com 1.579 metros e o do lado Sul com 1.147).Enraizados nas praias adjacentes à foz do Rio Leça, os molhes formavam uma enseada com cerca de 95 hectares, com fundos entre 7 e 16 metros de profundidade. Além dos molhes, foi também construído um quebra-mar que, elevando-se apenas um me­tro acima do zero hidrográfico, prolongava em mais algumas centenas de metros o Molhe Norte. Terminava este esporão numa plataforma onde emergia um farolim. A construção dos molhes ficou assente sobre os diversos rochedos que formavam já o porto de abrigo natural. Os rochedos chamavam-se “Leixões”, razão pela qual o Porto de Leixões recebeu essa designação.Para a construção dos molhes foi utilizado o granito de pedreiras próximas. Uma linha de caminho de ferro, com cerca de sete quilómetros de extensão, foi construída com o propósito de transportar o granito da pedreira de S. Gens, na freguesia de Custóias, para Leixões. Nos estaleiros e oficinas montados em Matosinhos e Leça da Palmeira, as pedras eram trabalhadas, de forma a darem origem a blocos graníticos que, em alguns casos, chegavam a atingir as 50 toneladas. Erguer e depositar no local os blocos graníticos tornou-se, no entanto, uma dificuldade. Para resolver o problema, a “Dauderni & Duparchy” encomendou às famosas oficinas francesas “Fives” , em Lille, dois gigantescos e poderosos guindastes movidos a vapor que se deslocavam, igualmente, sobre carris. O aspecto colossal fez com que, de imediato, os dois guindastes fossem baptizados de “Titãs”. Ao fim de mais de um século, os dois guindastes ainda permanecem sobre os molhes que ajudaram a construir. Os Titãs resistiram ao tempo e são um testemunho da construção de uma das maiores obras de engenharia em Portugal. Nos primeiros anos, os Titãs foram dirigidos exclusivamente por um técnico francês, de seu nome Lecrit.Depois da construção dos molhes de Leixões, os dois guindastes continuaram a ser utilizados para reparações nos paredões, em resultado de danos provocados pela acção tempestuosa do mar. Aliás, na memória do Porto de Leixões permanece a noite de 22 para 23 de Dezembro de 1892. Um fortíssimo temporal fez com que o titã do Molhe Norte caísse ao mar. No fundo marinho, permaneceu durante mais de três anos. Só em Abril de 1896, depois de muitos estudos e tentativas, se conseguiu recuperar o titã, graças a potentes macacos mecânicos assentes sob barcaças. Depois de recuperado, o gigantesco guindaste retomou a sua actividade. Os Titãs do Porto de Leixões não são os únicos no mundo. Todavia, estes guindastes foram, em alguns casos, desmantelados com a conclusão das construções portuárias, ou bombardeados. Recorde-se que, na Europa, durante as 1ª e a 2ª Guerras Mundiais, os portos marítimos foram alvos prioritários de bombardeamento. Além de Matosinhos, ainda persistem titãs em Glasgow, na Escócia, Argélia, Nova Zelândia e em alguns portos sul-americanos. Contudo, são exemplares de dimensões e potência inferiores, incapazes de erguer à força do vapor e da resistência do ferro, as 50 toneladas que os Titãs de Leixões levantavam aquando da construção dos molhes. Dada a importância patrimonial destes guindastes, nos últimos anos, tem vindo a colocar-se a hipótese da classificação mundial dos Titãs do Porto de Leixões, à semelhança da Ponte D. Maria, no Porto, como “International Mechanical Engineering Historic Landmark”. Características Localizado no Molhe Norte do porto de abrigo é, juntamente com o do Molhe Sul, um ex-libris da APDL pela “importância que desempenhou na construção do porto de abrigo e na sua posterior conservação”. Trata-se de um guindaste a vapor de 50 toneladas com pórtico com gabarit para via estreita. Possui as seguintes características: superestrutura giratória; lança fixa de 46 m. alcance para 50 ton-29,75 alcance; para 15 ton.-44,75 m; potência de 25/30 HP com dois cilindros, alimentado por duas caldeiras tubulares com 26 metros quadrados de superfície de aquecimento cada. Adquirido pela empresa construtora do porto à firma francesa “Five-Lille”, o titã foi totalmente montado até 1886.À medida que os molhes iam ganhando forma, iam sendo colocados carris para que o titã avançasse para o mar, transportando e colocando os blocos. Movida a vapor e sorvedouro de toneladas de carvão, esta gigantesca máquina (400 T) é testemunho de uma das maiores obras de engenharia portuária dos finais do século XIX. Obras de restauro e conservaçãoEm 1993, o Molhe Norte foi alvo de uma empreitada de conservação efectuada pela Prozinco.Em 2002, a APDL gastou 103.640 euros em obras de beneficiação e protecção anti-corrosiva. No mesmo ano, o Molhe Norte foi objecto de uma beneficiação estrutural realizada pela Eurocrane, designadamente a colocação de apoio na lança e na contra-lança. O custo da intervenção foi de 14.250 euros.O Molhe Sul também sofreu obras de restauro. Em 1996, realizou-se uma empreitada de conservação, ao nível da pintura, serralharia, beneficiação das partes metálicas e madeiras. Em 2002, recebeu uma intervenção de beneficiação e protecção anti-corrosiva, pelo valor de 129.330 euros. Naquele ano, o Molhe Sul foi alvo de uma beneficiação estrutural, executada pela firma Eurocrane, no valor de 39.785 euros. De acordo com a APDL- Administração dos Portos do Douro e Leixões, as intervenções de manutenção programada têm uma periodicidade média de cinco em cinco anos.A próxima empreitada de restauro e beneficiação será em 2009/2010, por concurso Público.
Informação colhida através de / Text Copyrights: Matosinhos Hoje.

7 comentários:

José Fernando Magalhães disse...

As coisas que eu aprendo vindo a este blogue, meu amigo.
Mais de metade do que aqui foi dito, bem mais de metade, eu desconhecia.
Pena a APDL não permitir fotografias dentro de seu espaço, pois que estes "Titãs" e muito do que lá existe, mereceriam uma sessão fotográfica.

Abraço

JM

JOSÉ MODESTO disse...

Caro José.
Fica já o convite, quando tiver disponibilidade, terei todo o gosto em irmos visitar o Porto de Leixões.

José Fernando Magalhães disse...

Caríssimo,
Convite aceite, logo que aos dois seja possivel.Escolha o dia e a hora, eventualmente na próxima semana, desde que não chova, e eu lá estarei.
Tomei a liberdade de colocar o link deste post no meu blogue.

Um abraço

JM

Paulo Braga disse...

Sabiam que foram estes extraordinários gigantes que inspiraram a criação de uma banda nos anos 60? Os Titãs!
http://www.facebook.com/profile.php?id=100001641255015
Um abraço

Anónimo disse...

Sabiam que foram estes extraordinários gigantes que inspiraram a criação de uma banda nos anos 60? Os Titãs!
http://www.facebook.com/profile.php?id=100001641255015
Um abraço
Paulo Braga

Paulo Braga disse...

Sabiam que foram estes extraordinários gigantes que inspiraram a criação de uma banda nos anos 60? Os Titãs!
http://www.facebook.com/profile.php?id=100001641255015
Um abraço

Corsário de Segunda disse...

Obrigado pela informação ... utilizei-a nestas duas fotos...

http://olhares.sapo.pt/titan-foto5526390.html

http://olhares.sapo.pt/dois-titans-foto5713695.html

Cumprimentos
Rui Ferreira

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