domingo, 4 de outubro de 2009

FARÓIS

FAROL GONÇALO VELHO
Em 1881 a Comissão de Faróis e Balizas advogava o estabelecimento de um farol de 2ª. ordem na ponta do Castelo, na ilha de Santa Maria, orçamentado na totalidade em 20 contos e 74 mil réis. A proposta de Lei nº. 10-G, de 15 janeiro de 1883, que viria a merecer acolhimento na Carta da lei de 20 Março desse mesmo ano, continha a justificação da necessidade de uma cabal iluminação do aqrauipélago dos Açores: « A navegação que se efectua entre os Estados Unidos e a Europa, e a que, partindo do mar do Norte, Grã-Bratanha e França, demanda a América central, naturalmente se aproxima das ilhas dos Açores.»
E ao passo que as correntes equatoriais forçam os navios que transpõem o cabo da Boa Esperança e o cabo Horn, demandando a Europa stetentrional, a tomar o norte da ilha do Corvo, sucede que os que partem da América do norte ou da América central para a Europa, aproveitando o Gulf-Stream, encontram a sua derrota o grupo ocidental dos Açores. A estas circunstâncias, que tanto cumpre ter em vista, dará ainda maior vulto a realização do novo empreendimento de Lesseps, o corte do istmo de Panamá, que, reunindo as águas dos grandes mares do globo, tornará os dois arquipélagos da Madeira e dos Açores a estância forçada das navegações inter-oceânicas. Que estes propósitos não tiveram sequência pronta e as ilhas dos Açores continuaram a caracterizar-se pela deficiente sinalização marítima está bem patente na chamada de atenção do conselheiro José de Almeida Ávila, já em 1891: Propondo-nos a chamar uma vez mai a atenção dos poderes públicos para as condições desgraçadas em que se acha o grupo Açores relactivamente à iluminação das suas costas, não temos em vista melindrar a quem quer que seja, encarregado de proceder aos estudos e por qualquer meio promover a realização do melhoramentoa que nos vamos referir e que é urgentíssimo realizar, e ainda menos fazer política, pois o assunto é daqueles que interessa a todos os açorianos sem distinção, e ainda mais especialmente à mãe pátria para a qual este estado de abandono não pode senão acarretar vergonhas e malquerenças.



E, mais adiante: Não se pode admitir que na última quadra do século XIX um país civilizado conserve num dos pontos de maior trânsito do Oceano Atlântico do norte, um extenso arquipélago de nove ilhas inteiramente às escuras! É uma vergonha! É quase um crime!.
A Comissão de 1902 proporia, relativamente a este farol, algumas alterações ao constante no plano geral aprovado em 1883, prevendo um aparelho de 4ª. ordem, orçamentado em 16270 francos franceses, em lugar do aparelho de 2ª. ordem ali mencionado. No que ao edifício se refere, só em Março de 1925 se elaboraria o respectivo projecto, estimando-se o seu custo em 250.000 escudos; o Farol era considerado importante para a navegação que do mediterrâneo e Madeira se dirige para os Açores e compensa em parte a não construção do farol das formigas. Baptizado em honra do navegador e guerreiro da ordem de Cristo que descobriu a ilha, o farol consta de uma torre prismática quadrangular de 14 metros de altura e acabou por receber um aparelho catadióptrico girante de 3ª. ordem, grande modeslo, movimentado por mecanismo de relojoaria, adquirido à casa Barbier, Bénard & Turenne, que produzia grupos de três relâmpagos de cor branca de 10 em 10 segundos.

A fonte luminosa era o gás, tendo como reservaa incandescência do vapor de petróleo e como aparelho de emergência um candeeiro de petróleo de nível constante. O seu alcance luminoso com a fonte principal era de 29 milhas. Por ter sido concebido como aeromarítimo, a parte superior da cúpula era de vidro.
Em 1934 procedeu-se à construção de mais uma habitação, a fim de permitir o aumento da lotação do farol; seguiu-se, em 1935, a edificação da casa das máquinas e do depósito de combustivél. Foi electrificado em 1957, mediante a montagem de grupos electrogéneos, pelo que a fonte luminosa passou a ser uma lâmpada de incandescência eléctrica de 3000 watts, mantendo-se o sistema de incandescência do vapor de petróleo como reserva. Desta intervenção resultou o aumento do alcance luminoso para 38 milhas.
No ano de 1971 a máquina de relojoaria cedeu lugar a um motor eléctrico. Automatizado em 1987, recebeu então uma lâmpada de 1000 watts e passou a dispor de um sistema para telecontrolo do farolim das formigas.
Foi ligado à rede pública de distribuição de energia em 1991

Autor: J.Teixeira de Aguilar.


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