domingo, 21 de fevereiro de 2010

LEÇA DA PALMEIRA 11


CAPELA DE SANT'ANA
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Situada ao lado da Igreja Matriz, a Capela de Sant'Ana foi edificada no século XVIII e reconstruída entre 1762 e 1768, a mando do reverendo José dos Santos. A capeloa-mor possui um retábulo em talha dourada com uma imagem de Santa Ana ao centro. Quando Leça da Palmeira foi atingida pela cólera, em 1855, este templo foi utilizado como hospital de emergência para prestar assistência aos doentes. Ainda Hoje existe na capela uma "cadeira de partos" ali usada durante vários anos.
No calendário litúrgico, o dia 26 de Julho é o dia de Sant’Ana, por tal motivo actualmente se festeja, em Leça da Palmeira, no último domingo do referido mês. Os festejos centram-se na Capela de Santana assim descrita por Camilo Castelo Branco no inicio do livro “Duas Horas de Leitura”.
“A duzentos passos da igreja paroquial de Leça da Palmeira está, no alto de uma colina, uma capelinha de invocação de Sant’Ana. É uma ermida tosca, erguida ali por devoção de não sabemos quem, desamparada depois às injúrias do tempo. Interiormente não sabemos o que é, nem, o que foi. De fora tem a poesia, que pode dar-lhe a imaginação dos entes imaginativos, vulgarmente “poetas”, que são dessa moeda, os mais liberais dissipadores. Esta nossa capelinha é já muito antiga encontrando-se registos na mais variada documentação, tendo sofrido ao longo do tempo várias vicissitudes chegando até a servir de hospital de emergência para coléricos aquando de um surto de cólera que assolou a vila de Matosinhos entre Junho e Setembro de 1855. O monte sofreu vários ataques vendo durante anos reduzir-se o seu espaço até ao que hoje temos, sendo feita a exploração de pedra, cujos tiros de pedreira foram abalando a capela, de modo que em 1716 a mesma ameaçava ruína face à inércia dos homens e à afronta do tempo agravada pela forte exposição aos ventos e às chuvas. Há 245 anos esteve em ruínas É assim que em 1762 com a capela ameaçando ruir que aparece o Dr. José dos Santos, Presbítero do Hábito de São Pedro, um fervoroso devoto de Sant’Ana, a Santa Avó de Jesus, a pedir licença ao Bispo do Porto, para demolir a dita capela até aos alicerces e reedificá-la, à sua custa, tendo até já ajustado tal trabalho com o mestre pedreiro Domingos Costa da freguesia de Vilar do Pinheiro. Todas as autorizações foram dadas, pois a capela encontrava-se nos caminhos que conduziam à igreja matriz, vindos da Amorosa e de Camposinhos, e estava realmente em péssimo estado. Seis anos após aquela data, a reedificação encontrava-se concluída tendo sido requerida licença para ser visitada e benzida e proceder-se à trasladação da imagem da Santa que entretanto ficara na igreja matriz. Achando-se a capela benzida foi a trasladação feita em procissão solene com o Santíssimo Sacramento da igreja matriz para a capela percorrendo, não só as ruas de Leça da Palmeira, mas também, por instâncias da Confraria do Senhor dos Passos, foi incluído o lugar de Matosinhos; constituindo um enorme sucesso religioso, registando-se um grande contentamento em toda a freguesia, agitando-se os entusiasmos e as boas vontades tão características dos leceiros. Com a capela já reedificada em meados do ano de 1768 procedeu-se à construção da escadaria para a perfeição e utilidade da subida e comodidade da Via-Sacra, havendo para tal a necessidade de deslocar as seis cruzes para junto dela.

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